As cartas de navegar dos séculos XIII a XVI são documentos multifacetados, no sentido em que podem ser abordados seguindo diversos vetores de investigação. São comuns os estudos que incidem nos seus aspetos geográficos, políticos, simbólicos, heráldicos e filológicos. Mais recentemente, estes objetos têm sido investigados através de técnicas, como por exemplo métodos cartométricos, que permitem revelar mais sobre o seu cariz científico, técnico e prático.

Estas abordagens têm um enfoque comum, isto é, o objeto de análise é a própria carta de navegar. No entanto, apesar da riqueza de informação transmitida por estes documentos, a análise histórica centrada somente nos aspetos pictóricos das cartas sobreviventes pode não ser suficiente para resolver todos os seus enigmas: que procedimentos eram usados para as construir? Em que situações e por quem eram utilizadas as cartas? Como eram interpretadas por homens da ciência ou por leigos seus contemporâneos? Que problemas eram elencados pelos seus utilizadores?

Para dar respostas a estas e outras questões alguns investigadores recorrem a fontes externas, destacando-se aqui as fontes literárias coevas de tipologia variada. Essas fontes, sejam portulanos, roteiros, relatos de viagens, livros técnicos, tratados de navegação, relações de bens, testamentos, prosa, poesia, etc., providenciam informações bastante úteis que, de outra forma, não poderíamos obter.

Este seminário apresenta uma análise da carta centrada em descrições fornecidas por importantes textos de cariz técnico. Assim, tendo como ponto de partida o livro de Miguel de Rodes (c. 1434), passando pelos tratados de Benedetto Cotrugli (c. 1464) e Francisco Faleiro (1535), pelo compêndio de Martin Cortés (1551) e terminando no Certaine errors in navigation de Edward Wright (1599), propõe-se um exame orientado destes textos e uma reflexão sobre a relevância destas fontes para o estudo da cartografia náutica coetânea.

Dia 27 de Março, 11h, sala 8.2.19, FCUL