Chart of the Week | Juan de la Cosa planisphere, 1500, Spain
Author | Autor Juan de la Cosa
Date | Data 1500
Country | País Spain
Archive | Arquivo Museo Naval (Madrid)
Call number | Número de Catálogo MNM 257
Dimensions | Dimensões 2200 x 1050 mm
Juan de la cosa la fizo en el puerto de S: mã en año de 1500 (Juan de la Cosa made it in the port of Santa Maria, in 1500) is the inscription written below the figure of Saint Christopher walking on the water, near the left margin of the oldest extant nautical planisphere of the early modern period.
On Juan de la Cosa’s planisphere the world is depicted as it became known after the great voyages of discovery made at the end of the 15th century to Africa, Asia and the New World. Contrasting with the representation of the Old World, which is richly illuminated in the style of the Majorcan cartography, the western lands are painted green and devoid of any decoration, except for the figure of Saint Christopher, the patron of travelers. According to Cerezzo Martinez, this image is more than a mere allegory of Columbus’ quest to reach the Indies, as it marks the region where a passage to the Indian Ocean should be looked for.
One of the most striking features of the planisphere is the exaggerated size of the Caribbean Sea, whose scale appears much inflated relative to the one of Europe or Africa. This distortion was replicated in all subsequent nautical charts for more than twenty years and has been interpreted as either a deliberate choice aiming to emphasize the importance of Columbus’s achievement, or as an undesired effect of magnetic declination on the courses measured with the marine compass and used to construct the chart.
A significant detail that could easily go unnoticed is the inclusion of the Equator and the Tropic of Cancer, unique in the nautical cartography of the end of the fifteenth century. Not only are these two lines placed in their approximately correct locations relative to Africa and the north coast of South America, but also the ratio of 17 ½ leagues per degree, which became a standard in the Iberian nautical cartography throughout the sixteenth century, can be inferred from the spacing between them. This is a sign that astronomically-determined latitudes may have been incorporated into the representation.
In fact, these two characteristics of the planisphere are closely related. We know that latitude measurements were made by Columbus in the Antilles during his first and second voyages and that his observations were grossly inaccurate. Very likely, his values were used by Juan de la Cosa in this planisphere, causing Cuba, La Española and Jamaica to be positioned far north of their true positions. This error, combined with an approximately correct latitudinal position of the north coast of South America, explains the scale exaggeration.
The failed attempt to represent the New World according to measured latitudes, combined with a relatively crude graphical quality – when compared to the Majorcan and Portuguese nautical cartography of the time – is a sign that the Spanish cartographic school of the Atlantic was then giving its first steps. It would reach its peak after the Magellan-Elcano voyage, with the large planispheres made in the Casa de la Contratación, from 1525 onward.
Versão Portuguesa
Juan de la cosa la fizo en el puerto de S: mã en año de 1500 (Juan de la Cosa fê-la no porto de Santa Maria, em 1500) é a inscrição que se encontra abaixo da imagem de S. Cristóvão caminhando sobre as águas, junto à margem esquerda do mais antigo planisfério náuticos do período pré-moderno.
No planisfério de Juan de la Cosa o mundo aparece representado tal como ficou conhecido após as viagens de descobrimento realizadas no final do século XV a África, Ásia e o Novo Mundo. Contrastando com a representação do Velho Mundo, ricamente decorada ao estilo da escola cartográfica de Maiorca, as terras a ocidente estão coloridas a verde e desprovidas de qualquer decoração, com excepção da figura de S. Cristóvão, padroeiro dos viajantes. Segundo Cerezzo Martinez, esta imagem é mais do que uma simples alegoria ao projecto de Colombo de chegar às Índias, por marcar a região onde uma passagem para o Oceano Índico devia ser procurada.
Uma das mais marcantes características do planisfério é a dimensão exagerada do Mar das Caraíbas, cuja escala está muito inflacionada relativamente à da Europa e África. Esta distorção foi replicada em todas as cartas náuticas que se seguiram, durante mais de vinte anos, Tendo sido interpretada quer como um exagero deliberado visando realçar a importância do feito de Colombo, quer como o efeito indesejado da declinação magnética nos rumos medidos com a bússola e usados para construir a carta.
Um pormenor significativo que poderá passar despercebido é a presença do Equador e do Trópico de Câncer, única na cartografia náutica do final do século XV. Não só estas duas linhas estão colocadas nas posições aproximadamente correctas em relação a África e à costa norte da América do Sul, mas também a razão de 17 1⁄2 léguas por grau, a qual constituiu um padrão para a cartografia ibérica do século XVI, pode ser deduzida a partir do espaçamento entre elas. Este é um sinal de que latitudes determinadas por métodos astronómicos podem ter sido incorporadas na representação.
De facto, estas duas características do planisfério estão estreitamente relacionadas entre si. Sabemos que Colombo realizou medições de latitude nas Antilhas, durante as suas duas primeiras viagens, e que os valores por si determinados estavam afectados por grandes erros. Muito provavelmente, estes valores foram depois incorporados por Juan de la Cosa no seu planisfério, fazendo com que Cuba, La Española e Jamaica apareçam muito a norte das suas verdadeiras posições. Este erro, combinado com as latitudes aproximadamente correctas da costa norte da América do Sul, explicam cabalmente o exagero da escala.
A tentativa falhada de representar o Novo Mundo de acordo com as latitudes dos lugares, aliada à pobre qualidade gráfica do planisfério – relativamente à cartografia maiorquina e portuguesa da época – é um sinal de que a escola cartográfica espanhola do Atlântico dava então os primeiros passos. Atingiria o seu expoente máximo a partir de 1525, após a viagem de Magalhães-Elcano, com os grandes planisférios náuticos da Casa de la Contratación.
Further reading | Leitura Complementar
Hugo O’Donnell, El Mapamundi Denominado «Carta de Juan de La Cosa» y su Verdadera Naturaleza (Madrid: Editorial Egeria-Gabinete de Bibliofilia, 1991)
Ricardo Cerezo Martinez, ‘La carta de Juan de la Cosa I, II y III. Revista de Historia Naval, 39 (1992): 31-48; 42 (1994): 21-44; 44 (1994): 21-37
Luisa Martín-Merás, ‘La carta de Juan de La Cosa: Interpretación e Historia’. Monte Buciero (Ayuntamiento de Santoña), 2000: 71–86
Joaquim Alves Gaspar, The planisphere of Juan de la Cosa (1500): The first Padrón Real or the last of its kind? Terrae Incognitae, 49, 1 (2017): 68-88